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I "A palavra e a imagem enquanto simbólicos são também um referencial dos sentidos. O modo como temos edificado textos seja através da palavra assim como da imagem deverá manter, contribuir ou modificar o homem e sua relação com o tempo, o espaço e a memória e estes, de fato, inexistem fora de nós, de forma que, continuamente, estamos arquitetando novos mundos em nós mesmos." Fragmento do artigo "A palavra e a imagem na arquitetura da memória", apresentado no “Seminário de Literatura e outras Artes: tempo, espaço, imagem e memória” cursada na Pós-graduação da FALE/UFMG. 2010

II "A paisagem nas pinturas de Kiefer está longe de ser uma representação inocente. Imaginar-se in loco é uma das primeiras formas de abstração que definem o homem enquanto potência criativa e formadora, daí que representar o espaço é, de certa forma, ver-se inserido nele." Trecho do artigo "Anselm Kiefer: uma geografia para o infinito", publicado em "Escritos sobre a Imagem". Campinas: Império do Livro, 2012, v.1. p.360.

III "Parece ser possível vislumbrar um tempo em repouso em que acontecimentos eclodem de forma espontânea e natural obedecendo ao princípio formador que os mantém tal como o florescer de um projeto estético. Penso ser este um dos maiores desafios do artista contemporâneo: manter-se como unidade o suficiente para estabelecer uma relação mágica, transcendental e espiritual com a matéria da obra que realiza e distante o suficiente deste mundo em que somos induzidos - ou convencidos - a aceitar ainda a idéia de um abismo sofrido, vivido, penosamente entre exterior e interior, sujeito e objeto, espírito e matéria que nos constituiu platonicamente, depois confirmou-se em Decartes e em todas as idéias positivistas reforçadas no Cristianismo e no Capitalismo." Trecho do artigo "A matéria da Criação: Arte e Alquimia". Diálogos com a arte: Revista de Arte, Cultura e Educação. Portugal e Brasil, p.165 - 174, 2011

IV "Johannes Kepler em sua teoria da imagem retininiana, na obra "Ad Vitellionem paralipomena, quibus astronomiae pars optica traditur", define como dois os termos da imagem : imago rerum (enquanto imagem exterior) e pictura (quando interior, projetada na tela retiniana) que resultam na idéia de que ver é pintar: ut pictura, ita visio - a vista é como uma pintura. Estes estudos sugerem a existência de um movimento sincrônico entre o objeto visto e o olho que observa – uma vez que olhar um objeto é capturá-lo para dentro através dos olhos. Neste exercício transportamo-nos ao objeto e tornamo-nos um com ele através da imagem. Este é um conceito que em muito difere da definição albertiniana do quadro: uma superfície ou painel emoldurado a certa distância do observador, que olha através dele para um segundo mundo ou um mundo substituto. " Trecho do artigo publicado no catálogo da exposição "Entremundos: gravuras, colagens, livros de artistas e reflexões de Maria do Céu". Cadernos de Artista. Campinas:Império do Livro, 2012.

V "Era preciso esquecer o que era dar forma, era preciso me esquecer do que era o domínio da forma, era preciso que, eu mesma, me tornasse disforme enquanto me tornava o que viria a ser. Como numa epifania, aceitei rasgar minhas fotografias, aceitei perder o que até então julgava ser o resultado de minhas mais afetuosas memórias. Eu mesma as violei, eu mesma as transformei numa incompletude permanente. Por outro lado, perdoem-me por preservar intacta a completude de minha memória a ponto de compartilhar o que ela não é. Ninguém poderá ver como eu vi." Trecho do artigo "Eu fui Lete" publicado em "Sobre imagens, memórias e esquecimentos". 1. ed. Belo Horizonte: UFMG, 2016. v. 2.

VI "Acredito ser relevante também mencionar a força desta escrita que é bordado, que fura e alinhava o tecido, uma escrita que revoluciona uma forma de inscrição, uma forma de suporte e que, consequentemente convida o leitor a uma nova forma de apreensão. E se é assim esta escrita, ela brota do subterrâneo do tecido, da espera do gesto, da construção de um corpo que se torna visível, da revelação de uma superfície, do tempo que constitui a emersão do pensamento." Trecho de "Três imagens e uma carta para Jacques Rancière" produzido como conclusão de curso de "Saberes Ficcionais" Pós-graduação da FALE/UFMG. 2013

VII "Do mesmo modo, é por não poder ver os olhos da estátua do Buda que ele próprio construiu, que o artesão cinegalês do Theravada é afastado de sua obra quando a mesma é considerada pronta. Também Frenhofer esconde sobre uma muralha de pintura sua obra-prima. Duas questões parecem ser relevantes aqui: primeiro o fato de que o olhar é tanto mais rico quanto menos certezas puder ter sobre aquilo que vê e, segundo, toda obra de arte continua infinitamente inacabada no olhar desperto que lança de sua imanência enquanto obra rumo à compreensão de um "outro". Trecho de "Para Frenhofer ou sobre as inevitáveis cinzas", produzido como conclusão de curso de "Teoria da Literatura, outras Artes e Mídias: poéticas modernas e contemporâneas", na Pós-graduação da FALE/UFMG. 2014

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